Lutador de MMA se diz torcedor fanático do Coritiba e comenta paixão pelo
clube. Ele se prepara para entrar em ação no UFC Rio, no dia 27 de agosto
O dia 6 de dezembro de 2009 ficou negativamente marcado na memória dos torcedores do Coritiba. Após empate por 1 a 1 com o Fluminense, em jogo que valia a sobrevivência na Série A, o Coxa foi rebaixado à Segunda Divisão. O fato gerou a ira de parte de seus torcedores, que invadiram o gramado e iniciaram um quebra-quebra que manchou a história daquela partida. Para o lutador de MMA Maurício Shogun, o episódio foi duplamente triste: um dos arruaceiros era aluno da academia que ele administra em Curitiba. A solução, na ocasião, foi a expulsão:
- Eu estava no estádio quando teve aquela quebradeira toda. Fiquei muito chateado pelo Coritiba ter perdido da maneira como aconteceu. Quando cheguei em casa, recebi um telefonema avisando que um atleta tinha participado da briga. Fiquei pensando se era verdade e liguei para ele, que me confessou que realmente tinha se envolvido. Conversei com o resto da equipe e chegamos à conclusão de que o atleta deveria ser expulso. Liguei de novo e avisei que ele estava excluído e não fazia mais parte da nossa equipe.
Hoje, depois de ter ficado 11 meses fora, o aluno está de volta. Antes, porém, passou por um período de reinclusão social em que prestou serviços comunitários e ajudou nas tarefas da academia, chegando até a faxinar.
Hoje, depois de ter ficado 11 meses fora, o aluno está de volta. Antes, porém, passou por um período de reinclusão social em que prestou serviços comunitários e ajudou nas tarefas da academia, chegando até a faxinar.
- Nós resolvemos dar uma segunda chance para ele. Hoje ele está mudado, não tem mais pendência com a Justiça. E vem até ganhando as suas lutas.
Mas nem só de memórias ruins no futebol vive Maurício Shogun. Fã de Alex (do Fenerbahçe-TUR), e de jogadores de outrora como Pachequinho, o japonês Cazu e Aladim, ele revela que a paixão arrebatadora veio de berço:
- Meu pai e minha mãe são torcedores do Coritiba, e isso foi fundamental para eu me tornar também. O fato de o meu pai me levar ao estádio desde cedo me fez pegar um amor e um carinho muito grandes pelo Coxa. Até hoje vou ao jogo, acompanho, e meu pai vai com a gente. Sou fanático, acompanho jogo direto. Quando não posso ir ao jogo, assisto ou acompanho pela internet.
Na final da Copa do Brasil deste ano, por exemplo, Shogun teve de recorrer à televisão, já que estava treinando nos Estados Unidos. E até hoje ele lamenta a perda do título, mesmo após a emocionante vitória sobre o Vasco por 3 a 2, no Couto Pereira:
- Para o Coritiba foi uma grande chance de se tornar campeão nacional depois do Campeonato Brasileiro de 1985. O time jogou bem, com garra, não sentiu a pressão. Perdeu por detalhes.
Mas há um jogo em especial que ficou marcado na memória do lutador. Foi dos pés do ídolo Pachequinho que saiu um belíssimo gol que abriu caminho para a goleada e a classificação logo sobre um dos maiores rivais, e que será sempre lembrada por Shogun:
- Meu jogo inesquecível foi um Coritiba x Paraná, que o Coxa ganhou de 4 a 0. O Pachequinho fez um gol olímpico até. Ele se destacou bastante, com dois gols. Lembro que o Paraná era um time quase imbatível, era difícil ganhar deles. Foi um jogo muito tenso – lembrou Shogun, fazendo menção ao time do Paraná que era o então campeão paranaense e que, praticamente com a mesma base, viria a ser pentacampeão estadual entre 1993 e 1997.
Na ocasião, o clássico era válido pelo jogo de volta das quartas de final da Série B do Campeonato Brasileiro de 1991. Como havia perdido o duelo de ida por 1 a 0, o Coxa precisava vencer por dois gols de diferença – o regulamento era semelhante ao da Copa da Brasil e premiava o gol fora de casa. E, no fim das contas, quem fez a festa foi mesmo o Alviverde, que goleou o rival por 4 a 0.
Pachequinho, aos 7 minutos do primeiro tempo, marcou um lindo gol olímpico; Emerson, aos 24, ampliou; e Chicão, de pênalti, fez o terceiro, aos 28. No segundo tempo, aos 9 minutos, Pachequinho cobrou falta para dentro da área, e a bola acabou entrando direto para dar números finais ao confronto. Era a maior goleada da história do Coritiba sobre o Paraná, e a sétima partida invicta do Coxa sobre o Tricolor no Couto Pereira. O acesso à elite, no entanto, não veio naquele ano. O Coritiba foi eliminado na semifinal da competição pelo Guarani, que viria a ser o vice-campeão – o Paysandu conquistou o título.
A ligação com o clube é forte, mas Maurício Shogun é cauteloso para não misturar a paixão com sua profissão. Ele descarta, por exemplo, fazer algo parecido com o que fez Anderson Silva, que vestiu a camisa do Corinthians ainda dentro do octógono, quando comemorava a vitória sobre o também brasileiro Vitor Belfort:
- No Brasil tem muita rivalidade no futebol. As pessoas levam muito a sério esse negócio de torcer para um time ou para outro, então eu prefiro não me envolver tanto até para não perder o carinho das outras pessoas. Depois que alguém usa a camisa de um time adversário, o torcedor fica com raiva e deixa de torcer por ele por causa disso. Torço para o Coxa, todo mundo sabe disso, mas eu não misturo as coisas, não coloco o Coxa no meu trabalho.
Com cautela e confiança e ao lado do próprio Anderson e de Rodrigo Minotauro, Shogun vai representar o país no UFC Rio, evento que será realizado no dia 27 de agosto, na Arena da Barra. O brasileiro vai enfrentar o americano Forrest Griffin, para quem já perdeu uma vez. Se vencer, ele volta a ter boas chances de disputar o cinturão dos meio-pesados do UFC, título que detinha até sua última luta, em que perdeu para Jon Jones, atual campeão.
Luis Henrique, Catani, Jorjão, Heraldo, Márcio, Hélcio, Emerson, Pedrinho Maradona, Tostão, Chicão, Pachequinho | Silvio Luís, Ariomar, Maurício, Servilio, Gilson , Roberto Alves, Serginho Cabeção, Marquinhos, Carlinhos Sabiá, Saulo, Maurílio (Sérgio Luis) |
Técnico: Levir Culpi | Técnico: Sérgio Ramires |
Gols: Pachequinho, aos 7 minutos do primeiro tempo; Emerson, aos 24; Chicão, aos 28; Pachequinho, aos 9 minutos do segundo tempo. | |
Cartão vermelho: Tostão | |
Data: 05/05/1991. Local: Estádio Couto Pereira. Competição: Campeonato Brasileiro (Série B). Árbitro: Pedro Carlos Bregalda do Carmo. Público: 29.125 pagantes / 31.952 presentes. |
Comentários
Postar um comentário